Nos Porões da Ópera. E da Vida.

“Tinha um coração capaz de conter o império do mundo e teve de se contentar, finalmente, com um porão.”

O Fantasma da Ópera – Gaston Leroux

O anjo da música queria apenas ser amado. Se tivesse um rosto comum teria ganhado o mundo, mas a natureza divina o agraciou com a mais terrível das feiuras. Com o dom maravilhoso do canto, composição e mágica, arte e magia, e inclinação à arquitetura, adquiridos na infância com ciganos, de circo em circo, onde era hostilizado por sua feiura, Erick, o Fantasma da Ópera, alcançou a misericórdia de uma alma bondosa que o escondeu nas galerias subterrâneas da Ópera de Paris. Fez dos corredores baixos o seu mundo particular, um labirinto a qual conhecia como a palma da sua mão. Seduziu através de sua voz uma pequena bailarina, que acreditava esse ser o anjo da música, a qual seu pai prometera enviar-lhe, quando do momento de sua ultima inspiração. Erick forçou Christine Daaé amar-lhe, e com isso causou uma grande tragédia, tanto material, quanto psicológica.

O apego a imagem, ao rostinho bonito, destruiu  a vida de um jovem com grande potencial, que sonhava com o dia em que alguém o olhasse com um sorriso no rosto. Quem é que gosta de ser alvo de piadinhas infames, motivo de chacotas?  Muitos adolescentes, levados pelo desespero de não serem aceitos como são, interrompem suas vidas bruscamente, colocando um ponto final numa história que muitas vezes ainda  não passou da introdução. Infelizmente isso é real,  o sofrimento alheio não interessa, não amolece aquele que o provoca. Quantos Ericks precisarão morrer para que haja, pelo menos, uma reflexão do quão isso é perigoso? 

Abaixo a ditadura da beleza! Por um mundo mais humano, mais justo. Pelas pessoas como elas realmente são!