A Arte de Escrever

"Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu oficio. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de ter feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer".

Do Livro Caetés, de

Graciliano Ramos

Só mesmo um autentico alagoano para comparar a arte de escrever com o oficio das lavadeiras dos rios de Alagoas. Notável figura literária, Graciliano colaborou com diversos jornais, dentre eles "Dilúculo", "Echo Viçosense", "Jornal de Alagoas" sob vários pseudônimos, e "Correio de Maceió" e jornais cariocas também. Foi prefeito da cidade de Palmeira dos Índios, na qual escreveu o romance onde encontramos a citação acima, 'Caetés'.

Hoje não precisamos de um pseudônimo para escrever, desde que você realmente queira. O importante mesmo é soltar a imaginação e fazer com suas palavras o que as lavadeiras fazem com as roupas: molham, torcem, ensaboam, colocam anil, depois penduram no varal, para secar. Escreva, expresse sua opinião (não se esqueça da ética, o que cabe aqui respeitar a opinião do outro), desenhe, pinte, borde! Depois divulgue para que os seus amigos possam apreciar os seus escritos. Pode ser no blog, no papel, na sua casa, no seu trabalho, no seu caderninho de anotações...

Escreva a sua história, deixe a sua marca no mundo. A sua posteridade agradece!

E não esqueça de compartilhar com os pequenos tudo o que for relacionado a leitura e a escrita. O adulto é o modelo da criança.