31/03/2010

Memória de Livros

... "Nada, porém, era como os livros. Toda a família sempre foi obsecada por livros e às vezes ainda arma brigas ferozes por causa de livros, entre acusações mútuas de furto ou apropriação indébita. Meu avô furtava livros de meu pai, meu pai furtava livros de meu avô, eu furtava livros de meu pai e minha irmã até hoje furta livros de todos nós. A maior casa onde moramos, mais ou menos a partir da época em que aprendi a ler, tinha uma sala reservada para a biblioteca e gabinete de meu pai, mas os livros não cabiam nela -- na verdade, mal cabiam na casa.
...
Não sei bem dizer como aprendi a ler. A circulação entre os livros era livre (tinha que ser, pensando bem, porque eles estavam pela casa toda, inclusive na cozinha e no banheiro), de maneira que eu convivia com eles todas as horas do dia, a ponto de passar tempos enormes com um deles aberto no colo, fingindo que estava lendo e, na verdade, se não me trai a vã memória, de certa forma lendo, porque quando havia figuras, eu inventava as histórias que elas ilustravam e, ao olhar para as letras, tinha a sensação de que entendia nelas o que inventara."...


João Ubaldo
Para ler na íntegra,
CLIQUE AQUI

Coincidência demais!
Cresci num ambiente desse, cheio de letras, desenhos e histórias. E furtava livros também, mas eram os de casa mesmo! Minha mãe nunca os encontrava onde costumava guardá-los...
Até hoje é assim. Eu tenho os meus e ela os delas, mas pode ter certeza que estão todos misturados. Meu problema é o ciúme danado que sinto dos meus filhinhos, se não estiverem ao alcance dos meus olhos, ai, meus nervos!
Caso você me encontre na rua, no ônibus, no metrô, ou mesmo de férias, não se acanhe em perguntar qual dos meus filhos estou carregando... eles não me largam (ou eu não largo eles, como quiser)
Numa tarde longínqua, dos tempos em que eu não precisava levantar as 5:30 para garantir o pagamento das contas – tempos bons aqueles – estava eu no jardim de casa lendo um livro. Bom, creio que todo mundo tem um vizinho bobo, que se considera o ‘gatão’ da rua. Pois bem, o gato, que para mim era um rato, começou a miar no meu portão... “miauu, vamos ali atrás do muro? Miauu...” Humpt! Soltei os cachorros em cima do gato atrevido. Ele, todo pomposo, ronronou: “então fica ai com o seu livro idiota!” Não fiquei quieta, não. "-Antes um livro na mão do que um babaca sem instrução"!!
Foi-se o gato com o rabo entre as pernas.
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1 comentários

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